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A ilha de São jorge
Ilha de São Jorge com o Pico e Faial ao fundo.
O descobrimento e povoamento da ilha estão envoltos em mistério
A primeira referência a São Jorge data de 1439 e sabe-se que, cerca de 1470, quando já existiam núcleos de colonos nas costas oeste e sul e a povoação de Velas fora fundada, veio para a ilha o nobre flamengo Wilhelm Van der Haegen, que, no Topo, criou uma povoação, onde veio a morrer, com fama de grandes virtudes, já com o seu nome traduzido para Guilherme da Silveira. Rápido deve ter sido o povoamento da ilha, com gentes vindas do Norte do continente, bem como a sua prosperidade, pois a sua capitania era doada, em 1483, a João Vaz Corte Real, donatário de Angra, na Terceira, e Velas recebia foral de vila antes do final do séc. XV.
Vila de Velas
Farol e ilhéu do Topo
A primeira referência a São Jorge data de 1439 e sabe-se que, cerca de 1470, quando já existiam núcleos de colonos nas costas oeste e sul e a povoação de Velas fora fundada, veio para a ilha o nobre flamengo Wilhelm Van der Haegen, que, no Topo, criou uma povoação, onde veio a morrer, com fama de grandes virtudes, já com o seu nome traduzido para Guilherme da Silveira. Rápido deve ter sido o povoamento da ilha, com gentes vindas do Norte do continente, bem como a sua prosperidade, pois a sua capitania era doada, em 1483, a João Vaz Corte Real, donatário de Angra, na Terceira, e Velas recebia foral de vila antes do final do séc. XV.
Outras calamidades afligem São Jorge. São as privações e crises de alimentos em maus anos de colheita, desde o séc. XVI ao séc. XIX, os sismos e erupções vulcânicas de 1580, 1757 e 1808.
Porto da Vila de Calheta
Mesmo assim é sujeita a ataques de corsários ingleses e franceses durante os sécs. XVI e XVII e às devastadoras razias dos piratas turcos e argelinos. No final do séc. XVI, uma secção da esquadra sob o comando de conde de Essex desembarca na enseada da Calheta. Para a repelir os habitantes arremessam pesadas pedras - únicas armas de que dispunham - e um soldado chamado Simão Gato acomete o oficial da força inimiga, derruba-o e arranca-lhe a bandeira. No séc. XVIII, o corsário francês Du-Gnay-Trouin pilha São Jorge e, no ano de 1816, um corsário argelino que procurava apoderar-se de um navio mercante, é rechaçado pelos tiros da fortaleza da Calheta.
O isolamento do passado tem vindo a ser quebrado com as obras realizadas nos dois principais portos - Velas e Calheta - e o aeroporto, abrindo a São Jorge novos horizontes de prosperidade e progresso, para o que conta com a integral utilização dos seus recursos naturais, a expansão da pecuária e dos lacticínios, da pesca e da indústria de conservas.
Descoberta e povoamento
Desconhece-se a data exacta de quando os primeiros povoadores nela desembarcaram, no prosseguimento da política de povoamento do arquipélago, iniciada cerca de 1430 pelo Infante D. Henrique.
Gaspar Frutuoso, sem indicar o ano da descoberta, refere ter sido:
"(...) achada e descoberta logo depois da Terceira, pois não se sabe com certeza quem fosse o que primeiro a descobriu, senão suspeitar-se que devia ser Jácome de Burgues [sic], framengo, primeiro capitão da Ilha Terceira, que depois acharia a de São Jorge, e, pela achar em dia deste Santo [23 de abril], lhe poria o seu nome, ou por ventura a achou o primeiro capitão de Angra, Vascoeanes Corte Real [João Vaz Corte Real], depois de divididas as capitanias da mesma Ilha."
Freguesia de Rosais
A mesma data será seguida pelo padre António Cordeiro, que entretanto refere o ano como 1450. Essa data, contudo, é incorrecta, uma vez que pela carta de 2 de Julho de 1439 Afonso V de Portugal concede ao seu tio, o Infante D. Henrique, autorização para o povoamento das (então) sete ilhas dos Açores, em que São Jorge já se incluía. Por outro lado, João Vaz Corte Real foi capitão do donatário da Capitania de Angra em 1474, e da de São Jorge em 1483. Raciocínio semelhante se aplica à figura de Jácome de Bruges.
Sabe-se, no entanto, que o seu povoamento terá se iniciado por volta de 1460. Estudos recentes indicam que o primeiro núcleo populacional se tenha localizado na enseada das Velas de onde se irradiou para Rosais, Beira, Queimada, Urzelina, Manadas, Toledo, Santo António e Norte Grande.
Fajã do Ouvidor - Freguesia de Norte Grande.
Ilha Graciosa no horizonte.
Um segundo núcleo ter-se-há localizado na Calheta, com irradiação para os Biscoitos, Norte Pequeno e Ribeira Seca..
Diante do insucesso do povoamento da Ilha das Flores, o nobre flamengo Willen Van Der Hagen (Guilherme da Silveira), por volta de 1480 veio a fixar-se no sítio do Topo fundando uma povoação, e aí vindo a falecer. Os seus restos mortais encontram-se sepultados na capela do Solar dos Tiagos.
Vila do Topo
Solar dos Tiagos - Vila do Topo
Como nas demais ilhas atlânticas, os primeiros povoadores, vindos do mar, fixaram-se no litoral, junto aos melhores e mais seguros ancoradouros. O crescimento populacional e desenvolvimento económico foram rápidos, de modo que:
- em 1500, a povoação das Velas foi elevada a vila e sede de concelho;
- em 1510, a povoação do Topo foi elevada a vila e sede de concelho;
- em 1534 (3 de Junho), a povoação da Calheta foi elevada a vila e sede de concelho.
Na segunda metade do século XVI, a ilha contava com cerca de 3000 habitantes, concentrados nas suas três vilas.
Ponta dos Rosais
A economia desenvolveu-se em torno da agricultura do trigo, do milho e dos inhames, complementada pela vinha.
Eram importantes também o cultivo do pastel e a colecta de urzela, exportados para a Flandres, de onde eram redistribuídos para outros países da Europa.
Remonta a este período a produção do tradicional Queijo São Jorge, tendo mais tarde Gaspar Frutuoso registado:
"Há nela muito gado vacum, ovelhum e cabrum, do leite do qual se fazem muitos queijos em todo o ano, o que dizem ser os melhores de todas as ilhas dos Açores, por causa dos pastos (...)."
(Da Descrição da Ilha de S. Jorge. in Saudades da Terra, Livro VI, cap. 33)
Piratas e corsários.
No decorrer da sua história, a ilha foi sujeita a ataques de piratas e corsários, como por exemplo os assaltos às Velas (1589 e 1590) e de piratas da Barbária durante todo o século XVI (dos quais o mais importante registou-se em 1597.
Estes últimos promoveram um grande ataque à Calheta em 1599, tendo escravizado habitantes da Fajã de São João em 1625.
No século seguinte, a calmaria foi rompida pelo ataque à vila das Velas pelos corsários franceses sob o comando de René Duguay-Trouin (20 de Setembro de 1708), a caminho do Rio de Janeiro.
Embora a população tenha resistido durante vinte e quatro horas, não conseguiu, no entanto, evitar o desembarque.
Os invasores foram detidos no sítio das Banquetas, impedidos assim de ocuparem e saquearem as povoações vizinhas. Nessa defesa, destacou-se a ação enérgica do Sargento-mor Amaro Soares de Sousa.
Forte dos Casteletes na Urzelina
A Dinastia Filipina
Porto da Fajã de São João Séc. XVI
Diante da crise de sucessão de 1580, a ilha de São Jorge, como a Terceira, declarou-se por D. António I de Portugal, vindo a capitular apenas quando da queda da Terceira, em 1583.
A ilha mergulha, a partir de então, num longo período de isolamento, devido em grande parte à precariedade de seus ancoradouros, incapazes de oferecer refúgio adequado às naus, bem como à limitada importância de sua economia.
A Dinastia Filipina sujeitou-a a um regime tributário especial e, no geral, foi relegada a segundo plano.
Os séculos XVII e XVIII
O século XVII na ilha foi marcado pelo chamado Motim dos Inhames, uma revolta contra os pesados impostos cobrados à população à época, que eclodiu na Calheta e no Norte Grande (1697).
Em sua origem esteve a ação de Francisco Lopes Beirão que, em 1692 arrematou por três anos em Lisboa, o contrato para cobrança do dízimo das "miunças e ervagens" da ilha pela quantia de 415$000 réis.
Na última década do século, a par com as ilhas vizinhas, inicia-se a caça à baleia.
Inhames na Fajã D`Além em Santo António
Do século XX aos nossos dias
O histórico isolamento da ilha só começou a ser rompido no século XX com as obras dos seus dois principais portos: o Porto de Velas e o Porto da Calheta, a que se somou a construção do Aeródromo de São Jorge, inaugurado em 23 de Abril de 1982.
Isso abriu a ilha a novos horizontes de desenvolvimento e progresso; para o qual junta-se o aproveitamento dos seus recursos naturais, a expansão da pecuária e pesca, o fabrico do famoso queijo da Ilha de São Jorge.
Vista do avião da Sata Air Açores da ilha de São Jorge, com a ilha do Pico ao fundo.
O grande sismo de 1 de Janeiro de 1980 que atingiu as ilhas Terceira e Graciosa também se fez sentir em S. Jorge. Ocorreu pelas 16:42 (hora local), durou entre 11 a 20 segundos e teve magnitude de 7,2 na escala de Richter e intensidades de VIII na escala de Mercalli na Vila do Topo e em Santo Antão, em S. Jorge, tendo aqui feito, além de extensos danos materiais, 20 vítimas fatais.
Em 9 de Julho de 1998 um forte sismo, que atingiu 5,8 na escala de Richter, causou danos materiais.
Património civil, humano e agrícola.
Durante os cinco séculos e meio de ocupação humana da ilha o homem marcou profundamente a paisagem; de uma cobertura vegetal dominada pelas florestas da Laurisilva surgem novas marcas na paisagem da ilha. Essas marcas visíveis em vários campos estão na paisagem agrícola, na construção religiosa e também militar.
Costa Norte da ilha de São Jorge, com a fajã da Caldeira de Santo Cristo em primeiro plano.
Passam pelo campo civilizacional transformando São Jorge numa ilha que se do ponto de vista paisagístico é considerada profundamente monumental, no sentido clássico do termo e tendo em atenção as suas arribas, falésias e fajãs, é por outro lado um "museu vivo", que se mostra claramente na sua história e tradições materializadas ou no património móvel e imóvel que se estende desde a Ponta dos Rosais à ponta do Topo.
Ao nível do património civil, esta ilha mostra as influências recebidas do exterior ao longo dos séculos. Essas influências chegaram a através dos contactos mantidos desde o século XV com várias regiões de Portugal e de outros países conforme a origem dos povoadores. Aqui e ali surgem na paisagem influencias espanholas trazidas eventualmente pelos Ávilas e da Flandres trazidas estas pelo povoador Willem van der Hagen.
Manifestam-se principalmente nas construções mais antigas.
Lagar na Fajã Rasa no lugar do Toledo.
Torre da Urzelina que sobrevivei ao vulcão de 1808.
Este património também está nas adaptações que o homem fez da paisagem, seja por necessidade ou seja pela criatividade, de forma a facilitar a vida quotidiana, numa terra virgem e cujo ambiente nem sempre foi o mais dócil se tivermos em atenção não apenas as erupções vulcânicas, estas por si mesmas grandes transformantes da paisagem, mas também os terramotos, e a datação da própria orografia jovem que origina à queda de falésias, dando estas origem às características fajãs de São Jorge.
Este património pode ainda ser dividido entre as suas versões "rural" e "urbana", com as suas actuais Vilas (Velas e Calheta) onde a arquitectura urbana mais se faz sentir, sem ainda esquecer o antigo concelho do Topo e a sua principal localidade (Vila do Topo).
Nos povoados mais antigos nota-se uma transição do rural ao urbano mais acentuada. Esta transição tem expressão na localidade do Topo, um dos mais antigos povoados da ilha de São Jorge, podendo aqui caracterizar-se por uma estrutura urbana bem acentuada.
A Vila da Calheta tem uma estrutura urbana mais frágil e menos organizada desde o seu inicio construtivo, mantendo umas características tradicionais de ruas algo desalinhadas.
Na localidade da Velas existe uma estrutura urbana bem consolidada, para o que também contribuiu a plataforma plana onde o povoado se desenvolveu.
Fajã dos Cubres
A Fajã dos Cubres na ilha de São Jorge é uma das 7 maravilhas de Portugal!
Foi vencedora das 7 Maravilhas Naturais de Portugal na categoria Aldeias do Mar a 03 de Stembro de 2017.
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